sexta-feira, 23 de julho de 2010

Salto maior que a perna

Ontem voltei minhas visitas ao hospital. O intervalo de retorno foi pouco, eu sei, mas a volta era necessária.

Foi inevitável não entristecer. As paredes daquele 8o andar estão repletas do sorriso do meu anjinho. Em quase dois anos ali posso afirmar, sem dúvidas, que ontem foi a minha pior noite lá. Tive que respirar fundo diversas vezes e a vontade de não voltar mais àquele andar, confesso, me bateu em alguns momentos.

A volta era necessária pq após este tempo na AACC descobri que minha missão não é estar ao lado das crianças e adolescentes animando-os na volta à vida, mas sim acompanhá-los até o fim.

Parece triste não?! Mas quando se está ao lado de alguém durante o seu caminho de volta o aprendizado daqueles instantes são enriquecedores e imensuráveis. É lição para uma vida inteira. Como já acompanhei alguns, tenho várias lições para outras vidas.

Claro que acompanhei vitórias. Mas sei que minha missão está nas perdas. Ali sei que o melhor de mim vem à tona e, consequentemente, meus limites e defeitos também, principalmente, no meu caso, um ser humano confesso e admitido em não saber lidar com perdas. Sim, não sei lidar com perdas! Definitivas ou não, não sei! Talvez por isso o universo tenha me levado prali. Bem, o universo não, escolhi o 8o andar, poderia ter optado pela Casa de Apoio, mas senti que estava na hora de um passo maior e lá fui eu, com 1,64m querer pular 2 metros ... missão difícil.

Uma missão que me ensinou, em cada partida, o quanto somos nada, somos pó e como damos valor e brigamos por coisas tolas ... a gente não sabe viver e só dá conta disso quando estamos perto da morte. Isso é burrice qdo temos em mãos um arsenal de argumentos para agir e pensar diferente. Precisamos mesmo olhar a morte de perto para entender e melhor saborear a vida?! Parece que sim.

Por isso estou suando a camisa para pular os 2 metros ... o problema é que quando conseguimos pular 2 metros, na próxima serão 2,10 ... 2,20 ... 2,30 ... e maior problema ainda que não conseguimos deixar de tentar, pq a visão do outro lado é tão magnífica e a experiência tão inebriante que vale o esforço e as dores do meio do caminho.

Sds!

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