sábado, 16 de outubro de 2010

Amor de pai e irmão

Quando falei da perda do meu companheirinho de viagem, comentei q logo após ela, o seu amigo de quarto me pediu para ajudá-lo no seu processo de transplante. E assim eu fiz. Infelizmente, este menininho tb se foi. Felizmente, aprendi a lidar com a perda dos meus pequenos, elas doem demais, mas não ferem. Etapas de uma terapia bem feita.

Ontem quando estava ao lado de seus pais duas cenas me levaram ao choro: o irmão mais velho recebendo a notícia e a fala de um pai que acaba de perder um filho.

O irmão mais velho do meu garotinho desabou diante de todos. Um rapaz de 21, enorme de tamanho, mas menino de coração. Ele não suportou perder o irmão caçula e se culpada por não ter estado com ele na última semana. Há muito tempo não via tanto amor de irmão estampado assim... foi algo tão forte, q a mãe (q até então era consolada por todos) esqueceu sua dor e foi consolar o filho mais velho. Me retirei daquela sala pq não aguentei a dimensão daquela dor. Um amor de irmão do tamanho daquele hospital.

Quando saí o pai estava no corredor. Conversamos um pouco e o médico que cuidou de seu filho apareceu. Neste momento, o pai pediu desculpas ao médico pelos momentos em que seu filho com leucemia foi estúpido com o 'doutor'. Não me contive e desabei ali mesmo.

Este garotinho sofreu tanto qto os outros com a leucemia .. eram agulhas, dores, tubos e mais tubos desde fevereiro quando a doença foi descoberta e encarar este momento não é fácil para um rapaz de 15 anos. Engolir a dor não tem como! Nem com morfina, pq esta não surtia mais efeito naquele corpo frágil. E aí o q acontece? O pai pede desculpas pela 'falta de educação' do filho? Não foi falta de educação, foi desabafo de quem sofre, de quem sente dor. O pai sabe disso e o médico tb, mas msm assim ele se desculpou e sabe pq?! Nao queria q o médico acreditasse q seu filho era um rapaz estúpido .. queria preservar a memória do filho. Q amor de pai!

Por fim, a última surpresa.
Outro garotinho, de 14a, naquele msm dia e instante, saiu do hospital com a notícia de q seu câncer havia retornado após 1 ano e meio adormecido. Os olhos verdes daquele mocinho desceram o elevador perdidos em algum pensamento (ou vários). Ele me abraçou, choramos juntos e senti q ali começava mais uma missão pra mim ...

Como disse, não estou ali para acompanhar os pequenos até a vida, mas sim estar com eles até o fim. Não gostaria q fosse assim, mas assim é.

Sds!

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