segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Muletas


A garotinha que comentei alguns posts abaixo. A amiga que fui desleal, pois é, ela começou a usar muletas. Consequência de uma inconsequência médica. Efeitos de uma quimioterapia mal acompanhada (parece que previa isso naquele post).

Isso a incomoda demais. Sei que irá incomodá-la por um bom tempo. Qual jovem aceita usar muletas? Ela menos ainda. Menos ainda se tiver que usar cadeira de rodas. Oxalá, isso não acontecerá.

A metáfora das muletas é riquíssima em detalhes. Algumas pessoas não têm outra opção a não ser usar uma muleta para se locomover. Sem a muleta, elas não seriam capazes de se deslocar. Precisam usar uma muleta ou um par de muletas o tempo todo por serem portadoras de alguma deficiência.

Muletas aceitáveis.

Mas na vida encontramos com tantas pessoas que abrem mão do uso de muletas espirituais e emocionais. Pessoas agarradas a muletas, como medos, raivas, solidão, ansiedade, tristeza, sentimentos de culpa e assim vai. Precisam desses sentimentos para manter-se em pé e os alimentam diariamente.

O que me impressiona é que na maioria das vezes esses sentimentos estão ligados a uma determinada pessoa, ou seja, transformamos o outro em nossa muleta. Necessitamos dele ao nosso lado mais do que do ar para nos manter em pé. E isso é correto? Não nascemos sozinhos por acaso ...

Minha garotinha usará muletas por 8 meses, caso seus ossos se regenerem ela voltará a andar sozinha; do contrário, passará por cirurgia para recomposição dos ossos. Sabe o que ela me diz desde então: "não quero depender de ninguém para viver".

Ela precisa de muleta, as usa, mas está disposta a lutar para viver sem elas.

E nós que não precisamos de muletas e as usamos por receio de encarar nosso rosto no espelho? Sem muletas cairemos sim (isso é certo), mas com o tempo ficaremos em pé ... joelhos roxos são curados com o tempo e um bom remédio e as cicatrizes nos fazem lembrar da batalha que foi cair e levantar. Já fizemos isso ao aprender a andar ... é uma questão de prática.

Mais uma vez, minha paraguaia me deu um golpe de mestre.

Sds!

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