segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Uma queda

Ontem uma senhora caiu diante de mim. Passou mal e não conseguiu se segurar. Me lembrou minha avó. A dignidade daquele senhora foi espantosa. Não queria que chamassemos um filho, nem ambulância, nem que a levassemos para a casa ... queria ficar somente ali, sentada, esperando a pressão arterial voltar ao normal, respirando tão vagarosamente quanto seus passos. Arrogância dela?! Não orgulho.

Minha avó era assim também. Tinha noção de suas limitações, mas não admitia ser vista como peso ou inútil e menos ainda que a olhassem com pena. Envelheceu com a cabeça branca e erguida. Aquela senhora, chamada pelos vizinhos de dona Zu, segue o mesmo caminho da dona Luzia, minha avó.

Penso em minha velhice. De fato não deve ser nada fácil saber que não se consegue mais andar com a mesma velocidade e em contrapartida a vontade de andar mais ligeiro corre freneticamente no coração; menos ainda depender de pessoas que sempre dependeram de vc. Não, não é fácil.

Por isso, elas gostam de sentar, respirar fundo e esperar o corpo voltar ao normal ... sinal de que ainda estão vivas, pq lá dentro, elas estão .. o corpo que hora ou outra vacila, nada mais.

Sds!

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